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As pérolas do rajá |
Nota: vamos inicialmente resolver o problema como foi proposto no capítulo XXIII do livro O HOMEM QUE CALCULAVA de Malba Tahan e, em seguida, resolver o problema de ordem genérica, ou seja, ao invés de (1/7) do enunciado original, vamos utilizar (1/n), onde n é um número inteiro positivo maior do que 1.
I – Um rajá deixou às suas filhas certo número de pérolas e determinou que a divisão se fizesse do seguinte modo: a filha mais velha tiraria uma pérola e 1/7 do que restasse; viria depois a segunda e tomaria para si duas pérolas e 1/7 do restante; a seguir a terceira jovem receberia três pérolas e 1/7 do que restasse. E assim, sucessivamente.
As filhas mais moças apresentaram queixa a um juiz, alegando que por esse sistema complicado de partilha, elas seriam fatalmente prejudicadas.
O juiz que – reza a tradição – era hábil na resolução de problemas, respondeu que as reclamantes estavam enganadas e que a divisão proposta pelo rajá era justa e perfeita.
Pergunta-se:
a)
Qual o número de pérolas?
b) Quantas as filhas do
rajá?
Solução:
Trata-se de um
problema famoso, clássico, proposto no livro “O Homem
Que Calculava” de
Malba Tahan ,
capítulo XXIII.
Seja x o número de pérolas
do rajá.
Chamemos as filhas do rajá, de F1,
F2, F3, ...
Segundo o enunciado do
problema, a filha mais velha F1 retirou uma pérola
e (1/7) do restante. Então, como existiam x pérolas,
ao retirar uma, ficaram (x – 1) pérolas.
Desse
restante, pela regra estabelecida pelo rajá, ela retirou (1/7)
delas, ou seja: (1/7)(x – 1).
Chamando de n(F1) o
número de pérolas retiradas pela filha F1, é
óbvio que
n(F1) =
1 + [(1/7)(x – 1)] = 1 + (x – 1)/ 7 = (7 / 7) + (x –
1) / 7 = (x + 6) / 7
Nota: observe
que 7/7 = 1.
Ora, restaram x – n(F1)
= x – [(x + 6) / 7] = (7x / 7) – [(x + 6) / 7] = (6x –
6) / 7
Nota: observe que 7x / 7 = x
Agora, a filha F2
vem e retira duas pérolas,
conforme o enunciado.
Resta então, a seguinte quantidade de
pérolas:
[(6x – 6) / 7] – 2 = [(6x – 6)
/ 7] – 14/ 7 = (6x – 20) / 7
Nota:
lembre que 14/7 = 2.
Destas, ela retira (1/7), ou seja: (1/7) [(6x
– 20) / 7] = (6x – 20) / 49
Portanto, o número
de pérolas da filha F2 será igual a:
n(F2)
= 2 + [(6x – 20) / 49] = (98 / 49) + [(6x – 20) / 49] =
(6x + 78) / 49
Nota: lembre-se que
98/49 = 2.
Poderíamos agora, achar a expressão
que define o número de pérolas da terceira filha F3.
Mas, não precisa, porque o problema diz que “a
divisão proposta pelo rajá era justa
e perfeita” , o que
significa que todas as filhas receberam quantidades
iguais de pérolas. Portanto, n(F1) = n(F2)
= n(F3) = ...
Então, como n(F1) =
n(F2), usando os resultados obtidos anteriormente, vem:
(x
+ 6) / 7 = (6x + 78) / 49
Basta resolver a equação
do 1º grau acima.
Para eliminar o denominador 49, vamos
multiplicar ambos os membros da igualdade acima por 49, o que não
altera a igualdade. Fica:
49[(x + 6) / 7] = 49[(6x + 78) / 49]
Efetuando e simplificando, vem:
7x + 42 = 6x + 78
Igualando
a zero, fica:
7x + 42 – 6x – 78 = 0
Efetuando as
operações indicadas, fica:
x – 36 = 0, de onde
tiramos x = 36.
Portanto, são 36 pérolas.
Vejamos
então a distribuição das pérolas,
conforme os dados do problema:
A filha mais velha F1
retira 1 pérola, ficam 36 – 1 = 35 pérolas.
Destas,
ela retira 1 / 7 ou seja (1 / 7) . 35 = 35/7 = 5. Logo, a filha F1
retirou 1 + 5 = 6 pérolas.
Como é dito que todas as
filhas recebem o mesmo número de pérolas, já que
“a divisão proposta pelo rajá era justa e
perfeita”, e como restaram 36 – 6 = 30 pérolas,
é claro que as 30 pérolas foram distribuídas com
30 / 6 = 5 filhas. Portanto, o número total de filhas é
igual a 1 + 5 = 6.
Resposta: a)
36 pérolas b) 6 filhas
II – Um rajá
deixou às suas filhas certo número de pérolas e
determinou que a divisão se fizesse do seguinte modo: a filha
mais velha tiraria uma pérola e (1/n) do que restasse;
viria depois a segunda e tomaria para si duas pérolas e (1/n)
do restante; a seguir a terceira jovem receberia três pérolas
e (1/n) do que restasse. E assim, sucessivamente.
As filhas mais
moças apresentaram queixa a um juiz, alegando que por esse
sistema complicado de partilha, elas seriam fatalmente
prejudicadas.
O juiz que – reza a tradição –
era hábil na resolução de problemas, respondeu
que as reclamantes estavam enganadas e que a divisão
proposta pelo rajá era justa e perfeita.
Pergunta-se:
a)
Qual o número de pérolas?
b) Quantas as filhas do
velho e inteligente rajá?
Solução:
Seja x o número
de pérolas do rajá.
Chamemos as filhas do rajá,
de F1, F2, F3, ...
Segundo o
enunciado do problema, a filha mais velha F1 retirou uma
pérola e (1/n) do restante. Então, como existiam x
pérolas, ao retirar uma, ficaram (x – 1) pérolas.
Desse restante, pela regra estabelecida pelo rajá, ela
retirou (1/n) delas, ou seja: (1/n)(x – 1).
Chamando de
n(F1) o número de pérolas retiradas pela
filha F1, é óbvio que
n(F1)
= 1 + (1/n)(x – 1) = 1 + [(x – 1)/n] = (n/n) + (x –
1)/n = [(n + x – 1) / n]
Nota:
observe que n/n = 1, para n ¹
0.
Ora, restaram:
x – n(F1)
= x – [(n + x – 1) / n] = (nx / n) – [(n + x –
1) / n] = [(nx – n – x + 1) / n] pérolas.
Agora,
a filha F2 vem e retira duas
pérolas, conforme o enunciado.
Resta então, a
seguinte quantidade de pérolas:
[(nx – n – x +
1) / n] – 2 = [(nx – n –
x + 1) / n] – (2n / n) = [(nx – 3n – x + 1) / n]
pérolas.
Nota: lembre que
2n/n = 2, para n ¹
0.
Destas, ela retira (1/n), ou seja: (1/n) [(nx – 3n –
x + 1) / n] = [(nx – 3n – x + 1)] / n2
Portanto,
o número de pérolas da filha F2 será
igual a:
n(F2) = 2 + [(nx – 3n – x +
1)] / n2 = (2n2 / n2) + [(nx –
3n – x + 1)] / n2 =
= [(2n2 + nx –
3n – x + 1)] / n2
Nota:
lembre-se que 2n2 / n2 = 2, para n ¹
0.
Poderíamos agora, achar a expressão que
define o número de pérolas da terceira filha F3.
Mas, não precisa, porque o problema diz que “a
divisão proposta pelo rajá era justa
e perfeita” , o que
significa que todas as filhas receberam quantidades
iguais de pérolas. Portanto, n(F1) = n(F2)
= n(F3) = ...
Então, como n(F1) =
n(F2), usando os resultados obtidos anteriormente,
vem:
[(n + x – 1) / n] = [(2n2 + nx – 3n –
x + 1) / n2]
Basta resolver a equação
acima, em relação a x.
Para eliminar o
denominador n2, vamos multiplicar ambos os membros da
igualdade acima por n2, o que não altera a
igualdade. Fica:
n2[(n + x – 1) / n] =
n2[(2n2 + nx – 3n – x + 1) /
n2]
Efetuando e simplificando, vem:
n[(n + x –
1)] = 2n2 + nx – 3n – x + 1
n2 +
nx – n = 2n2 + nx
– 3n – x + 1
Cancelando o termo comum nx em ambos os
membros e igualando a zero, fica:
n2 – n –
2n2 + 3n + x – 1 = 0
Simplificando, fica:
–
n2 + 2n + x – 1 = 0
Multiplicando ambos os
membros por ( - 1) o que não altera a igualdade, fica:
n2
– 2n – x + 1 = 0
Isolando o termo x, fica:
x = n2
– 2n + 1
Ora, observando atentamente o resultado acima,
vemos que o segundo membro é igual ao produto notável
(n – 1)2 . Portanto, temos:
x = (n –
1)2 que é o número de pérolas
procurado.
Nota: observe que o
problema I resolvido no item anterior é um caso particular
dessa solução geral,
na qual n = 7. Com efeito, fazendo
n = 7, obteremos x = (7 – 1)2 = 62 = 36
pérolas, resultado obtido no problema I, para 6 filhas.
A
resposta genérica para o problema proposto é então:
a)
número de pérolas = x = (n – 1)2
b)
número de filhas = n – 1.
Glossário:
a)
Glossário - dicionário de termos técnicos
de uma arte ou ciência.
b) rajá –
príncipe indiano . O feminino de rajá é rani.
Se você pensou que era rajaia (sic), enganou-se!
c) este
problema famoso, aparece no capítulo XXIII do livro “O
Homem Que Calculava” de autoria do Professor Júlio
César de Mello e Souza - 1895/1974, ilustre brasileiro de pseudônimo Malba
Tahan.
d) sic – expressão do Latim, que
pode ser empregada entre parênteses no curso de uma citação,
após uma palavra ou expressão errada, que foi
escrita propositadamente.
e) Latim – língua
falada em Roma, nos tempos do império romano. As missas da
Igreja Católica eram proferidas em Latim. O
Latim é usado até hoje, principalmente pelos advogados,
pelos cientistas, entre outros. Citar frases em Latim, denota, nos
tempos modernos, um certo grau de erudição, digna de
gerar perplexidade, útil muitas vezes.
Vou
contar um caso (como eu faria numa sala de aula real) : estava eu num aniversário, mergulhado a contragosto
numa discussão que envolvia uma quase ciência. A
conversa não parava, as pessoas tentavam infrutiferamente
demonstrar conhecimentos. Ouvi frases vastas e várias! Vastas
e várias!
Lá pelas tantas, quase entendiado
(sic), resolvi arriscar a seguinte frase em latim: SUBLATA CAUSA
TOLLITUR EFFECTUS! Como, diante do mistério ninguém
ousa duvidar, seguiu-se um silêncio quase eterno. Muitos poucos
entenderam o que eu, entediado, houvera dito: ELIMINADA
A CAUSA, ELIMINA-SE O EFEITO!. A discussão
desvaneceu-se aos poucos, e fomos todos juntos cantar os parabéns
para o homenageado daquela noite, sem nenhum tipo de culpa em relação
aos diálogos não acabados e não entendidos!
Paulo
Marques – Feira de Santana – BA – 23 de março
de 2005.
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